Publicado em: 20/09/2022

É normal ouvirmos falar em diagnóstico de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) em crianças e adolescentes, mas ultimamente tem crescido esse diagnóstico em adultos. Entretanto cresce o número de adultos com diagnóstico tardio, já com 30,40 anos ou mais, que apresentaram durante a vida dificuldades na vida social, profissional e afetiva, que foram erroneamente diagnosticados com transtornos depressivos, ansiedade e outros. Ao se fazer uma avaliação criteriosa levantando o histórico de vida, bem como todo o desenvolvimento infantil e a adolescência, se percebe que os sintomas de impulsividade, agitação e/ ou desatenção já se faziam presentes, mas sem diagnóstico, e admirem, segundo a Associação Brasileira de Atenção (ABDA), no Brasil, há cerca de 02 milhões de indivíduos nessa situação.

O desafio do diagnóstico está em compreender como ele funciona, pois não há auxílio laboratorial nesse caso. A avaliação diagnóstica está embasada em comportamentos que podem até mesmo confundir profissionais de saúde, além disso, muitas vezes a criança é vista como preguiçosa e bagunceira ou tão agitada que não consegue se concentrar em nada, e assim vai por toda a vida sem auxílio para sua condição e só na vida adulta consegue o verdadeiro diagnóstico e tratamento, muitas vezes através da avaliação neuropsicológica, que tem sido utilizada como uma fonte rica de informações.

Na idade adulta, o TDAH pode vir acompanhado de depressão, compulsão alimentar, distúrbio do sono e ansiedade, são consequências graves que poderiam ter sido evitadas com um diagnóstico na infância. As relações afetivas e sociais também podem ser amplamente prejudicadas, primeiramente porque o medo da não aceitação faz com que a pessoa perca importantes oportunidades de relacionamentos e também porque conviver com pessoas com o transtorno pode ser difícil, já que a impulsividade e agitação, muitas vezes causam problemas recorrentes na relação.

O adulto com TDAH pode apresentar alguns dos seguintes sintomas: dificuldade em se concentrar no que as pessoas estão falando, mesmo quando diretamente com ela; levantar do lugar em reuniões, ou situações que não se espera tal comportamento; dificuldade em espairecer, relaxar, quando tem tempo para si mesmo; termina frases das pessoas antes que elas terminem o que estão falando; adia as coisas até o último minuto; dificuldade em manter as coisas em ordem ou cuidar de detalhes; dificuldades para planejar tarefas; planeja coisas demais ou de modo ineficiente; com frequência chega atrasado; marca compromissos no mesmo horário; não utiliza agenda de modo consistente; é inflexível preso a “esquemas”; faz muitos planos e pouco realiza; precisa de outras pessoas para estruturar as coisas; distrair-se facilmente por estímulos externos e pensamentos irrelevantes, tomar impulsivamente decisões. Mas é sempre bom lembrar que, somente um profissional qualificado poderá fazer o diagnóstico.

Alguns prejuízos que podem acometer as pessoas com TDAH, na vida adulta: na VIDA PESSOAL autoconfiança prejudicada, é inseguro devido ao comentário negativo de outras pessoas, autoimagem negativa devido aos erros cometidos, medo de fracassar diante de uma nova tarefa, reação exagerada a críticas, sente-se triste e menos capaz que outras pessoas, sobrepeso, desregulação emocional, propensão a acidentes automobilísticos, transtorno por uso de substâncias, problemas de relacionamentos sociais. Na VIDA PROFISSIONAL falta de foco; desorganização; errar nos detalhes, não finalizar o que começou; dificuldade em se concentrar ao estudar ou assistir algo, não consegue ser constante. Na VIDA FINANCEIRA maior probabilidade de não poupar, economizar, altas contas no cartão de crédito, perdem os amigos após lhe pedir dinheiro emprestado e não devolver, muita compra por impulso, menor probabilidade de economia para aposentadoria. 

Se você suspeita de que possa ter TDAH, ou alguém do seu ciclo familiar, o primeiro passo é procurar ajuda de profissionais capacitados para o diagnóstico correto. Essa iniciativa auxiliará na compreensão e melhora desses comportamentos e também para que o indivíduo não sofra prejuízos mais profundos do que aqueles pelos quais já passou ou está passando. O tratamento adequado tem muito a acrescentar na vida do adulto, ajudando-o numa melhor qualidade de vida, pois sem esse suporte, ele jamais teria enfrentado sozinho o problema. FAÇA UMA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA de qualidade buscando entender o seu perfil cognitivo comportamental, entendendo suas potencialidades e fragilidades. 

A reabilitação neuropsicológica e a intervenção, embasadas na terapia cognitivo comportamental, são de grande valia no processo pós-avaliação! 


Solange Pereira de Souza | CRP 08/21194

Psicóloga Especialista em Neuropsicologia Clínica


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