Publicado em: 05/06/2022
Muitos são os questionamentos quando a adolescência chega na vida de um filho. Esse momento de grandes transformações pode gerar nos pais ansiedade, insegurança e dúvidas sobre como o filho ou a filha se sairá nesse período da vida. Será que vai seguir as orientações dos pais? Como será seu comportamento (tímido, desafiador, extrovertido...)? Continuará sendo carinhoso (a) e simpático (a)? Dedicado (a) aos estudos? Com quem ele ou ela conversa nas redes sociais? Como ele ou ela é quando os pais não estão por perto?
A adolescência é rodeada de processos de mudanças nos aspectos físicos, psíquicos e sociais e as transformações provocadas pela ação dos hormônios sexuais iniciam-se por volta dos 10 anos que é a popular pré-adolescência e vai até aproximadamente 14 anos, conforme Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto isso tudo está acontecendo em seu corpo, há mudanças psíquicas emergindo, emoções geradas pelas situações vividas no dia a dia e que vai depender de como cada adolescente está encarando todas essas novidades.
Há também um distanciamento natural dos adolescentes em relação aos pais, que até pouco tempo eram vistos como perfeitos e inquestionáveis. Nesse momento da vida, os pais podem se tornar os últimos a serem procurados caso esse ou essa adolescente esteja passando por algum problema. O círculo de amizades é colocado em primeiro plano, pois eles estão em busca de uma identidade. Em meio a tudo isso, muitas situações de conflito são geradas entre pais e filhos adolescentes.
No meu trabalho como profissional da área de Psicologia, percebo que o maior empecilho, nesses momentos de busca, é a falta de comunicação. De um lado tem uma pessoa que está em pleno desenvolvimento cognitivo, físico, social, emocional que oscila humor e não entende muito bem o que está sentindo, não encontrou seu lugar nesse mundo. Do outro lado há duas pessoas que estão vivenciando de certa forma um luto, por um filho infantil que não está mais ali, aquela criança que ouvia, admirava e aceitava as orientações, agora faz escolhas, tem opinião e por vezes desafia regras.
Os pais, muitas vezes, não sabem como agir com esse novo filho ou essa nova filha e acabam estabelecendo os limites do jeito que dá. Parece familiar para você? É possível mudar esse cenário? A verdade é que cada dia mais torna-se emergente práticas e intervenções que auxiliem pais e famílias a olharem para o período da adolescência de forma mais cuidadosa, não é “só uma fase que passa” é “a fase da vida” quantos de nós carregamos lembranças significativas (boas e ruins) da nossa adolescência?
Mandar o filho para a psicoterapia e não se envolver nesse processo não resolve o problema de relacionamento entre pais e filho. É preciso compromisso, envolvimento e estar aberto inclusive para reconhecer o que precisa ser melhorado em casa para que você volte a ser aquela pessoa para quem ele ou ela vem quando acontece um problema. Quais marcas você quer produzir na adolescência do seu filho?
Edimara Mattos | CRP-08/18685
Psicoterapeuta
Especialista em Relações Familiares e Terapia Familiar