Publicado em: 17/12/2022
O estresse na infância existe e é considerado uma resposta normal do organismo quando o mesmo se encontra em uma situação adversa. Sabemos que há 3 tipos diferentes de estresse: o positivo, o tolerável e o tóxico, tema abordado neste texto.
O estresse tóxico é intenso e acontece de forma prolongada, podendo trazer consequências emocionais, neurológicas, gerar mudanças de comportamento, dificuldades de aprendizagem, baixa imunidade, distúrbios do sono e, quando adulto, essa criança pode desenvolver doenças como diabetes, depressão, dependência de substâncias químicas, entre outros problemas. As crianças que vivem em circunstâncias muito difíceis, não somente de um dia ruim, mas de dias, meses, anos com relacionamentos negativos, com pouca interação positiva, onde o nível de estresse é muito alto, são as que estão mais expostas.
As relações e momentos de muito medo, angústias de forma constante e repetida, por período prolongado, sem acolhimento de um adulto, podem sim interferir no desenvolvimento cerebral, deixando dificuldades graves para toda a vida. A criança que passa por isso, por um período prolongado, entra em contato com todos os hormônios do estresse e isso gera uma toxicidade, causando desde irritação até a perda de sinapses cerebrais. As pesquisas científicas têm mostrado que esse tipo de estresse é muito prejudicial, pois o organismo fica o tempo todo em estado de alerta, como se a criança nunca conseguisse alcançar relaxamento e plena tranquilidade.
A pandemia do coronavírus, a guerra da Ucrânia, as mudanças climáticas, são exemplos de períodos desafiadores para as crianças, visto que a internet está inundada com essas notícias, as quais as crianças têm acesso. No caso da Covid-19, o confinamento, a suspensão das aulas presenciais, uso excessivo de celulares e má alimentação são fatores prejudiciais que podem, sim, ter sido a causa desse estresse tóxico em muitas crianças. Inclusive alterações percebidas pós-pandemia precisam ser avaliadas e tratadas.
Lembrando que, os profissionais da área da psicopedagogia poderão ser de grande ajuda, neste momento, possibilitando interações e experiências com as vivências do mundo, orientando práticas respeitosas e diálogicas, promovendo habilidades tais como afetividade, autoestima, autonomia, raciocínio e linguagem, enfatizando a evolução da criança.
Mônica Françozo
Pedagoga e Psicopedagoga
Especialista em Alfabetização e Letramento, Educação Especial
e Neurociência em Educação
