Publicado em: 20/06/2022
A coluna vertebral é o eixo que sustenta o corpo para garantir a rigidez longitudinal, por isso ela é um dos nossos pilares de sustentação. A região lombar é responsável por suportar cargas mecânicas intensas e quando há falhas nesse mecanismo, pode ocorrer o escorregamento de uma vértebra em relação à outra, conhecido como Espondilolistese. O termo “espondilolistese” é derivado do termo “espondilo”, que significa vértebra, e “listese”, que significa escorregamento.
Cerca de 4 a 5% da população em geral apresenta espondilolistese, sendo 4 vezes mais comum nas mulheres em relação aos homens. A espondilolistese ístmica (falha em parte da vértebra) acomete cerca de 4% das crianças, sendo mais comum nos meninos. Jovens esportistas submetidos a muito impacto como os ginastas têm uma incidência aumentada que pode chegar a 40%. Além dos ginastas, algumas atividades físicas estão mais associadas com a presença de espondilolistese e podem atuar como fatores de risco, como: levantamento de pesos e esportes de alto impacto.
A espondilolistese pode ter causa traumática (quedas de altura, acidentes auto/motociclísticos), porém mais comumente é de causa degenerativa em maiores de 50 anos (osteoartrose das articulações/facetas da coluna, tornando a coluna mais frágil) e congênita mais comum em crianças (displasia ou ausência da “pars interarticularis”). A “pars interarticularis” é uma parte da vértebra responsável pela estabilização de um segmento entre dois ossos. Esse tipo de espondilolistese causada por falha da “pars interarticularis” é conhecida como espondilolistese ístmica.
Os principais sintomas são:
Dor lombar que piora com a movimentação e dores nas pernas caso exista alguma compressão das raízes nervosas. Entretanto, na maioria dos casos são assintomáticos. Grande parte das pessoas descobre a alteração acidentalmente ao realizar uma radiografia simples motivada por outro problema. Nos casos sintomáticos, costumamos observar também: Dor lombar com ou sem irradiação para o glúteo ou membro inferior. Contratura da musculatura paravertebral e isquiotibial (posterior da coxa). Postura alterada com hiperlordose lombar (curvatura excessiva) e deslocamento do abdome para frente. Sintomas neurológicos associados (dormências, formigamentos e até fraqueza nas pernas com dificuldade para andar).
A espondilolistese é classificada em 5 grupos:
Os 2 primeiros graus são considerados estáveis e, muitas vezes, não causam sintomas. Já os graus III, IV e V são instáveis e podem causar dor ou algum sintoma neurológico com mais frequência. Inicialmente o diagnóstico é feito pelo exame clínico e neurológico do paciente, e pode ser confirmado com radiografias da coluna que podem demonstrar um escorregamento. Em alguns casos são necessários exames mais detalhados, como por exemplo, a ressonância magnética que é importante para os pacientes que apresentam irradiação das dores para os membros inferiores, uma vez que permite a visualização direta das raízes e eventuais compressões. Atividade física que fortaleça a musculatura do tronco, peso corporal adequado e restrição de atividades de alto impacto ajudam na prevenção. A maioria dos pacientes não necessita de tratamento específico por ser assintomática e passar despercebida por toda a vida, porém quando a doença é sintomática, os analgésicos, anti-inflamatórios, controle do peso, prática de atividade física e fortalecimento da musculatura podem ser usados para os momentos de mais dor e têm a finalidade de reduzir os sintomas. O tratamento cirúrgico para espondilolistese é um tratamento de exceção, sendo reservado quando existir falha do tratamento conservador. Geralmente ocorre na presença de compressão das raízes nervosas. A cirurgia consiste no reposicionamento da vértebra escorregada e descompressão das raízes produzindo excelentes resultados.
Dr. Maxsuel Fidelis de P. Almeida
CRM-PR 31.578 | RQE 22.000 | TEOT 15.519
Ortopedista e Traumatologista Especialista em Ortopedia Infantil e Alongamento Ósseo